sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Richard Dawkins

Richard Dawkins' Speech at Protest the Pope March (YouTube)


No começo eu fiquei tão revoltado quanto todo mundo
por causa das primeiras palavras que o Papa disse assim que pousou em Edimburgo,
culpando os ateus pelas atrocidades de Hitler e outras do século XX.
Mas então fiquei contente com isso,
porque pra mim, de uma certa forma o que isso mostra
é que eles estão tão incomodados com a gente!
que ele foi forçado ao expediente ignominioso
de nos atacar para desviar a atenção
dos verdadeiros crimes que foram cometidos em nome da Igreja Católica.
Posso só imaginar...
Eu posso só imaginar as discussões nos corredores do poder do Vaticano:
"Como vamos distraí-los da sodomia com garotos?"
E a resposta: "por que não atacamos os secularistas, os ateus,
por que não os culpamos pelo hitlerismo?"
Hitler, Aldolf Hitler, foi um católico romano.
Foi batizado, nunca renunciou ao batismo.
A marca de 5 milhões de britânicos católicos é retirada
presumivelmente dos registros de batismo.
Não acredito numa palavra disso,
não acredito que há 5 ou 6 milhões de britânicos católicos,
pode haver 5 ou 6 milhões de batizados,
mas se a Igreja quer alegar que esses são católicos,
então terá que reivindicar Hitler como um católico!
(Palmas)
No mínimo Hitler acreditava numa providência personificada,
falou disso várias vezes,
e era presumivelmente a mesma providência que
foi invocada pelo cardeal arcebispo de Munique em 1939,
quando Hitler escapou da morte
e o cardeal proferiu um "Te Deum" especial na catedral de Munique:
"para agradecer à providência divina, em nome da arquidiocese, pela feliz escapada do Führer."
Vou ler um discurso feito em Munique, coração da Bavária católica,
em 1922, e eu deixo para vocês adivinharem de quem é:
"Meu sentimento como cristão aponta-me para meu Senhor e Salvador como um lutador,
aponta-me para o homem que, uma vez na solidão, cercado por poucos seguidores,
reconheceu esses judeus por quem eles eram, e chamou os homens para lutar contra eles,
[...]
... e que - verdade de deus - foi maior não como sofredor mas como um lutador. No meu amor sem limites com Crisão e como homem eu leio a passagem que nos conta como o Senhor finalmente se levantou em seu poder e tomou do chicote para expulsar do Templo a raça de víboras e vendilhões. Como foi maravilhosa a sua luta contra o veneno Judeu. Hoje, depois de dois mil anos, com a mais profunda emoção eu reconheço mais do que nunca antes o fato de que foi por isso que ele teve que derramar o seu sangue na Cruz."
Esse é apenas um dos muito discrusos, e passagens no Mein Kampf, onde Hitler invocou o seu Cristianismo. Não é de estranhar ele ter recebido um apoio tão caloroso de dentro da hierarquia Católica da Alemanha. E o antecessor de Bento, Pio XII, não é inocente, como mostrou de forma devastadora o escritor católico John Cornwell, em seu livro O Papa de Hitler.
Seria pouco gentil me deter demais nesse ponto, mas o discurso de Ratzinger em Edinburgo na quinta-feira foi tão desgracioso, tão hipócrita, tão ressoante do som de pedras jogadas de dentro de uma casa de vidro, que senti que precisava responder.
Mesmo que Hitler tivesse sido um ateu - e Stalin mais provavelmente era - como o Ratzinger ousa sugerir que o ateismo tem qualquer conexão com os seus atos terríveis? Não mais que a descrença de Hitler e Stalin em duendes ou unicórnios. Não mais do que o fato de ostentarem um bigode - assim como Franco e Saddam Hussein. Não há nenhum camingo lógico do ateísmo para a maldade. Isto é, a menos que você esteja imerso na repulsiva obscenidade que é o cerne da teologia Católica. Eu me refiro (e devo esse ponto a Paula Kirby) à doutrina do Pecado Original. Essas pessoas acreditam - e ensinam isso a criancinhas, ao mesmo tempo que lhes ensinam a terrível falsidade do inferno - que todo bebê "nasce em pecado". Esse seria o pecado de Adão, por falar nisso: o mesmo Adão que, eles mesmos agora admitem, nunca existiu. Pecado original significa que, a partir do momento em que nascemos, somos maus, corruptos, condenados. A menos que acreditemos no deus deles. Ou a menos que caiamos no conto da "cenoura" do céu e o castigo do inferno. Isso, senhoras e senhores, é a nojenta teoria que os leva a presunir que foi a irreligiosidade que tornou Hitler e Stalin nos monstros que foram. Somos todos monstros a menos que sejamos deimidos por Jesus. Que teoria vil, depravada e desumana em que se basear a vida.
Joseph Ratzinger é um inimigo da humanidade.
Ele é inimigo das crianças, cujos corpos ele permitiu que fossem estuprados e cujas mentes ele encorajou que fossem infectadas pela culpa. Fica embaraçosamente evidente que a igreja se preocupa menos em salvar os corpos das crianças de estupradores do que em salvar as almas dos padres do inferno: e mais preocupado em salvar a reputação permanente da própria igreja.
Ele é inimigo dos homossexuais, conferindo a eles o tipo de intolerância que a sua igreja costumava reservar aos Judeus.
Ele é inimigo de mulheres - barrando-as do sacerdócio como se um pênis fosse um atributo essencial para exercer os deveres pastorais. Que outro empregador teria permissão para discriminar com base no sexo, quando está contratando para uma função que claramente não exige força física ou alguma outra característica que só se imagina que homens tenham?
Ele é inimigo da verdade, promovendo mentiras deslavadas sobre preservativos não protegerem contra AIDS, especialmente na Àfrica.
Ele é inimigo das pessoas mais pobres deste planeta, condenando-os a famílias numerosas que não conseguem alimentar, e assim mantendo-os na escravidão da eterna pobreza. Uma pobreza que combina muito mal com a obscena riqueza do Vaticano.
Ele é inimigo da ciência, obstruindo a pesquisa vital com células-tronco [embrionárias], com base não na moralidade mas na superstição pré-científica.
Menos sério do meu ponto de vista, Ratzinger é até mesmo inimigo da igreja da própria Rainha, arrogantemente endossando o menosprezo de um antecessor das Ordens Anglicanas como "absolutamente nulas e totalmente inválidas", enquanto tenta sem nehuma vergonha na cara induzir vigários Anglicanos a escorar seu próprio sacerdócio em patético declínio.
Finalmente, talvez a minha maior preocupação pessoal, ele é um inimigo da educação.
Sem considerar o dano psicológico permanente causado pela culpa e medo que tornou a educação católcia algo abjeto no mundo inteiro, ele e sua igreja fomentam a doutrina educativamente perniciosa de que a evidência é uma base menos confiável para a crença do que fé, tradição, revelação e autoridade - a autoridade dele.

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